Tolstói dizia que "não alcançamos a liberdade buscando a liberdade, mas sim a verdade. A liberdade não é um fim, mas uma consequência". E é com esse princípio que este blog inicia sua caminhada, abrindo espaço democrático para que o servidor da Câmara Municipal de Goiânia se expresse livremente, mas não esquecendo, também, que "tudo quanto aumenta a liberdade, aumenta a responsabilidade", como celebrava Victor Hugo. Seja bem vindo!!

terça-feira, 19 de abril de 2011

EU AMO A CÂMARA, E VOCÊ?

Por Everaldo Leite

Desde que nós, recém concursados, fomos empossados na Câmara Municipal de Goiânia, muita coisa aconteceu, fomos bem-sucedidos em algumas questões e, infelizmente, fracassamos em outras. Com efeito, alguns colegas foram lotados em departamentos que pouco tinham a ver com sua escolha ou atributos profissionais, mas felizmente vários conseguiram um espaço correto onde trabalhar. De qualquer forma, atualmente, sinto que houve uma boa acomodação (com reequilíbrio emocional de muitos) e, inclusive, algumas resistências do princípio cederam lugar para uma convivência pacífica e prolífica junto aos servidores antigos da Casa e aos próprios vereadores.

De fato, a maior parte dos servidores antigos, em certo momento, passou a concorrer pelo sucesso dos novos colegas, fazendo com que boa parte se sentisse à vontade para desempenhar o seu trabalho e expor a sua criatividade. Não fosse assim e, é claro, estaríamos vivendo um “inferno” generalizado, ou numa situação litigiosa quando, por certo, não haveria vencedores. Eu, caso queira saber, tive uma sorte muito grande ao ser recebido na Diretoria de Controle Interno, onde bons desafios me aguardavam. Depois, ao passar pela Comissão Mista, onde fui apresentado aos processos que lá tramitavam e aprendi muito. E, por fim, quando passei a trabalhar na Primeira Secretaria, onde posso dizer que me senti valorizado.

Mas não é difícil encontrar colegas que se lamentam, especialmente por ainda não poderem mostrar todo o seu potencial técnico ou mesmo não conseguirem enxergar claramente um horizonte na sua vida profissional dentro da Câmara. O problema é que persiste certa desordem organizacional, que, na minha perspectiva, é resultado de conflitos passados e presentes, não somente entre servidores efetivos e comissionados, mas também entre os nobres interesses da Casa e as “paixões” dos vereadores. Talvez por isso tenhamos atualmente um quadro difícil de ser revertido, onde cargos de diretoria (e outros com gratificação) são destinados a pessoas estranhas à Casa – e não raramente ao serviço público – , simplesmente para acomodar compromissos políticos.

Por outro lado, a má-certeza de não poder modificar este estado de coisas levou muitos servidores, antigos e novos, a perder a confiança ou a esperança em alguma mudança positiva, que pudesse elevá-los ao status profissional ao qual têm amplo direito. Com a presença cada vez mais passiva do Sindicato e mesmo com o tempo de serviço (que se acumula em cada um e, naturalmente, cansa) dos servidores, se tornou muito fácil e oportuno para qualquer gestor (seja presidente ou diretores) cuidar de seus próprios interesses, atribuindo importância somente aos seus subordinados de “confiança”, marginalizando os servidores da Casa e seu potencial. Assim como se tornou extremamente fácil para estes mesmos gestores atar as mãos e as bocas de muitos servidores que não estão em condição de perder suas vantagens.

Sem embargo, os servidores efetivos da Câmara, sendo minoria em seu total de trabalhadores, carregam nas costas a responsabilidade da continuidade operacional e estratégica, sendo essenciais em termos de memória e conhecimento. Mas a sua efetiva valorização só se dá às migalhas, pois o reconhecimento é destinado espontaneamente para os passageiros (que chegam por outros processos) ou para aqueles que, com tempo, conseguiram construir suas cidadelas intransponíveis. Esta percepção não é somente de quem está interno à instituição, mas está declarada nos quatro pontos do município, ou onde moram as lideranças políticas e seus bolsões de votos. O que me leva a crer que, num mundo normal, isto deveria estar golpeando o brio de cada um, motivando a união de todos os servidores efetivos rumo a um desfecho mais justo.

Eu, por mim, tenho uma esperança crônica de que este estado de coisas será mudado, essencialmente quando passarmos a ter de volta um sentimento positivo em relação aos trabalhos do sindicato, que não podem ser apenas voltados ao lazer e ao restaurante (pão e circo?), e quando passarmos a dialogar com a presidência da Casa de igual para igual, olhos nos olhos, apresentando a ele e aos demais vereadores uma força renovada, e o nosso desejo sincero de colaborar com o crescimento da instituição tomando responsabilidades que são nossas por direito. Não precisamos mais viver sem enxergar o horizonte ou, pior, nos submeter sempre passivamente a cada dois anos a um novo grupo diretor, composto no calor de um conveniente arranjo, e muitas vezes sem nenhuma pretensão favorável ao servidor.

Por isso, estou lançando a seguinte campanha: EU AMO A CÂMARA, E VOCÊ?

Everaldo Leite é Assessor Técnico Legislativo (Economista), membro do Conselho Fiscal do Sindicato dos Funcionários do Legislativo Goianiense (Sindflego), Economista, Conselheiro e Vice-presidente do Conselho Regional de Economia 18ª. Região (Corecon).




Um comentário:

  1. Pela idéia de congrassamento dos servidores, pela clareza da exposição do raciocínio e pela nobreza da iniciativa, parabéns!

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